quarta-feira, 17 de março de 2010

Encontras-me agora no meio do meu deserto, cego e seco de mim. Silencio perturbador, nem a arma que me acompanhou hoje perturbou. Não ouviste, não ouvi, ninguém ouviu.. porque não disparou. Morri de mim mesmo, em mim mesmo.
Vejo-me mas não a vejo, não estou contra ela mas ela não ao meu encontro. Ando e ando e não a encontro e faço de mim um tonto por julgar estar morto. Nunca me prestei a estes momentos de inconstante consciência do meu despreocupado ser, são apenas coisas de mim para mim que nunca tive o cuidado de ver, ver detalhadamente o que rapidamente cresce em mim sem veres, as escuras da mesmas consciência que tão levemente tomei e elevei ao bem conhecido da dor. Paro, lacrimejo o chão que enlameou comigo.

Limpou-me e agora vejo que o caminho de volta a mim, ganhas-me e vejo, finalmente, a luz que não é para mim!

terça-feira, 16 de março de 2010

Dançam sentimentos em meus olhos, de cores e trajes distintos. Mas o verde não existe, morreu a muito, está estendido sem corpo que o faça dançar, apenas dançam os de cores marcadas, marcadas de dor, ódio e inveja que me acorrentam neste fato. Insuportável fardo este. Nem querendo consigo libertar-me destas linhas, teias de as aranhas que dançam, que nem com o calor das laminas se desfazem. São feitas do mesmo calor, o dantesco inferno do ódio do olhar de dentro que friamente é cortado ao tocar a realidade, esta gélida como a incessante amargura do ser, o mesmo frio que secou as lágrimas e as deixou num fino pó que enche o deserto que distancia-me do suave toque que é um carinho humano.


Hoje dançam e eu estou sem pés mas com mãos para cobrir a cara de vergonha do que me tornei.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Estatico, ensurdecedor. Tremulas mãos sem forças. Olho, mas não vejo nada. Tudo enevoado mas nem sinal do meu amigo lacrimejo para me confortar, apenas um sufocante ruído de tudo a acontecer, nada em mim, apenas pessoas a viverem, vejo-as mas não as vejo, transparecem-me, trespassam-me sem darem conta que chove, mas não apaga as brasas onde ando desprotegido, ficando-me para trás. Enterrado nos joelhos das mãos destruo o que me resta do feliz registo que era-me algures.

Tenta não te deixares, sem te apagares. Revê-te no espelho que partiste e refunde-o em gelo que brota de ti, revê-te criador pois está na hora de mudar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ódio, repulsa, voltei a ser gelo. Camadas de desilusão acumuladas sem sinal de derreterem, porque não derrete o meu coração, não tem força a minha mão e só dizer sei dizer não.
Em mim queima esta agonia de sub-zeros, insuportável dor que me levou outra vez como se leva fosse o estar, pesar. Como é difícil respirar nesta atmosfera de repulsa.


Mea culpa, mas sou apenas eu que não ouvem.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tremer consciente..

Como que um vaipe numa urge da falsa calmia criada pela musica, olho em volta e como que um trovão pelas costas desceu e me deixou tremendo como se estivesse ocorrendo um sismo, mas o único sismo é o acelar do meu coração em exponencial aceleração, tento-me a acalmar mas não consigo, não consigo me controlar. Não consigo me controlar, que frustração, que absurda sensação de incapacidade perante.. perante ti.

Fui por instantes catapultado para a minha adolescencia e coro com pouco, gaguejo e fico atrapalhado sem saber o que fazer.. normal? não em nenhuma circunstancia, mas está na ordem dos dias de ultimamente.. Como? pergunto-me incessantemente sem conseguir responder, sou apenas um miúdo sem conseguir te enfrentar, a ti.

Simplesmente ânsias de quem não te consegue conhecer com medo da rejeição..