quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Há, e haverá, como parte do meu incompleto ser, falhas. Buracos tapados por largas camadas de crescimentos, cheios de tanta coisa que não dá para simplesmente falar, desabafar ou aliviar.. é parte de mim toda esta camada de impenetrável silencio, não se trata de uma marcara para esconder os problemas. Mais houvesse mais partia.. e podia eu partir daqui ficando apenas este peso carnal, mas as memorias e todo este vazio aparente em momento algum irá ter cura..

Cresci assim, mudo de mim para o mundo, porque o mundo não precisa de conhecer o que resta de toda a devastação..

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Torpe é a certeza que não te sou de grande complexidade ou simplesmente de qualquer tipo de raio de claridade que possas achar interessante muito menos cativante.. De pouco me servem as pequenas certezas que tenho de sou mais um em mil bardos que te fazem as cantatas nocturnas, horas a fio por um pequeno sorriso de aceitação se verem para alem do que te mostras.

Sei que também não conheço o suficiente para te desfolhar como um livro, mas não tão torpe é a certeza que há muito mais para alem desses meigos e expressivos olhos, não fosse a tua cara se esconder nas sardas e em todo o mau humor que fico por presenciar.. é pena não ser um bom bardo, nem conhecer mil cantatas nem muito menos me vestir de jogos e truques porque eu sou apenas eu.. um louco efêmere como fui, sou e sempre serei.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Vestes a pele do cego que se atira de braços abertos na esperança que sejas apanhado por algum anjo caído do céu.. quem estou a enganar, não há pele que vista que me disfarce todos os mil defeitos e desencantos que sou. Não há muito que me possa fazer, sou incurável e intemporal-mente louco e adoro esta adrenalina que provem de um continuo-o sofrimento que só a mim me afecta.. Sei que os anos passam mas não me impede de não querer crescer nem aprender, não quero deixar de sentir esta dor que me enche as veias e me deixa rabugento, impaciente e impávido com toda desta realidade..
Faz com que todas estas dualidades subam e me façam perder a cabeça.. 

Ahh doce sanidade aonde foste parar..

Sabes, há mil eus a correrem cá dentro, uns atira-se contra as paredes e outros contra o chão e outros cantam alegremente.. podia continuar a descrever this nut house durante horas e nunca conseguir contar-te tudo. Posso parecer dar demasiado de mim, mas a casca deste fruto não é fina ..

Deixa-me cair pra te ver e crescer de novo, em outro solo, outro sol que não este e renascer para voltar a ver-te até me cegar, voltando a ver um dia, quando me apanhares..

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Perder em tempo ou em que intempéries pouco importa, hoje todo o teu céu cinzento cobre este meu pequeno mundo e nem o chá quente me aquece.. passo horas neste fernezim que é a minha cabeça, horas atrás de horas a correr por todos os cantos, cansando a minha visão já turva de cansaço..

Vejo-me em diálogos mortos em horas mortas.. e deixo-me dominar pela musica que me faz tropeçar em degraus tapados e fazes-me escapar pelos dedos pequenos embaraços de ingénua ternura.. tropeço em mim mesmo..

A cama chama-me bem alto.. ainda está longe de vir o sono.

Sabes-te, conheces-te e A a Z e continuas a negar toda a saudade que sentes, fazes-te de homem crescido para quê? estou farto disto..
Hoje vou me deixar cair mil vezes que seja, tropeçar em mim e não negar que agora tudo o que queria era apenas um colo que me desse carinho e fizesse finalmente sossegar todo este meu mundo..
Nutrem-se ilusões, teias de brilhantes arquitecturas e de dissuasoras felicidades.. acreditem-se velhos e calejados mas nada lhe escapa.. Continuo, ainda que, eternamente esperando pelo calor das setas..
Horas e horas passam em torpes sonhos que desacreditam-me, enchem-te deste visco que é a ilusão e destroem me o rasgo de luz, o sorriso que teima em nunca ficar..  como as folhas de outono que caiem e as nuvens que cobrem o sol tudo volta.. e em intempéries que em mim reinam, nada mais que mantos de memorias que sufocam o pequeno ser que em inquebrável vontade permanece de pé à chuva.

Sabes, durante todos estes anos vi os comboios passar e o mar a engolir a terra.. vi-me a crescer como um icebergue que derrete por pouco.. Nunca me fiz querer que as verdades eram aceitáveis e acreditei sempre que posso sempre tentar.. disparar uma flecha e esperar que acerte. Antes fosse tão fácil..
Ridículo como me revejo numa personagem que incansavelmente procura o amor e acaba sempre só sem grande jeito para isto que é viver..

Nutro ilusões, caio em teias sempre que esperança brilha, mesmo que em vão eu sou assim..

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Vejo-me por fim cheio desta inerte vontade de chorar. Por fim irradio esta desajeita felicidade e junto-me a este sol de outono que me aquece este sorriso que tão estupidamente se expressa ao te ler..

Sabes, muito gosto destas sonoridades melancólicas e bebo com elas ao meu entristecer.. Mas aparentemente o universo tinha que me fazer cair de cara, para amortecer a tua queda em mim. Logo agora que me tinha levantado e sorrido para o mundo de quão livre e leve estava! Finalmente todos os meus poros , controlados e livres de descontrolos, mas não.. tinhas que me provocar um estúpido sorriso incontrolável  que me deixa que nem um miúdo tímido, corado e embaraçado.. há quem lhe chame querubim mas para mim esse demónio faz-me ferver o sangue.. olha para mim lá estou eu outra vez a divagar e a sorrir em incontrolável loucura só por te imaginar..

you know what?

Hoje solto o sorriso e estou longe de me preocupar se o volto a controlar..

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Indica-me o caminho para lá, estou farto de seguir esta estrada sem fim nem buracos. Eu quero ver o mar e o fim do dia, ser intoxicado pela maresia..
Invadiste o meu caminho como arbustos e pinheiros, densos e ébrios. Fazes-me zigzaguiar por entre todas estas memorias e pedras, não deixando espaço para escapar. Recordo-me de toda esta fantasia e de todo este emaranhado de fios e pedras.. Recordas-me de toda a tua figura passada sobre as estrelas e enterrada bem dentro de mim, como de algo demasiado cravado.. Eras a minha floresta interminável. O caminho que o lobo que fugia por ser demasiado "fácil"..  As tempestades outr'ora navegadas eram bem mais suportáveis que este vil e interminável labirinto de pequenas coisas, e eu tão minúsculo.
Entorno-me em todo o álcool que nunca mirras-te, deixo-te mirrares-me na esperança que todas as maleitas do mesmo me fizessem ficar, quando o tempo de partir chegou.

A noite cai, e a lua revela-se novamente.. Pego neste livro e com o virar da pagina na mais resta como se não um monte de prédios e barulhos, familiares. Pego em ti e na chave, o dia acabou e a estrada não se faz sozinha.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sur le fil

Lacrimejo, névoa de dor que cobre os campos e me faz desaparecer. Aqui não há o mar para me colher nem a lua para me ler, apenas esta névoa densa, cheia de dores e desculpas, discussões e perdões mil, densa como as lágrimas que correm sem sinais de acalmia, mesma que ao longe o mar não a partilha.
Saber-te em perdões e em lágrimas derramadas não me despega de arrependimentos nem de dores passadas.

Sei, estou à beira do declínio, sabes-te? então resolve-me.
Estrada, desfolho-te e detesto-te por não te desprenderes de todas as pequenas memorias. Sabem a corpos mortos, nefasta a sensação de rancor. Um pequeno ódio que não se complementa a nada mais que toda a informação que se arranca do vento..

És o ventre da minha insaciável cede de esquartejar o mar. Derrubar torres e gritar a pessoas!
Sabes que me apetece derrubar-te e prender-te ao fundo do mar.. deixar-te sentir todo o peso do mundo, fazer-te reveres o que é sentir como me sinto..
Não, não consigo falar nem gritar.. nem chorar! Todo este meu ser se contorce em espirais inversas e avessas ao meu ser.

Queimo-te, deixo-te arder e vejo-me a enlouquecer nas cinzas que desejava que houvessem.. 

Infama, neurótica obsessão por este sofrer, um entrelaçar de tudo aquilo que construí e destruí com o tempo. Sabes-te bem, e rejubilas com cada gota de todo o meu ser verte.. Deixo.
Tudo aquilo que se perde transforma-se, mais uma vez, em magoa e em pequenos pingos de dor que rancorizo ao teu espelho. Deixo-me entrar, afundo-me em caóticos mundos e distorço um pouco a realidade até me ver minimamente sorridente, para te alimentar de dor. Da mesma que me dou a beber.

Grito até não ter voz, deixo o mar para trás e volto à estrada que tão cheia de buracos ainda está..