terça-feira, 25 de setembro de 2012

Deixei-te desvanecer em todo o fumo, esventrei os meus sentimentos e deixei que mergulhasses em mim.. Não há nada que não saiba a ti, e nada que se assemelhe a mim.. O meu peito há muito que não doía.

Hoje não te acordei, hibernei em mim próprio e deixei que a enfermidade tomasse conta do meu corpo. Os meu olhos que não te querem ver deviam-se da realidade, enlaçam-se com as musicas que os meus ouvidos pedem.. maturação de congelar, um descer da temperatura do coração e um crescer dos ramos da razão. Embora tudo pareça desfeito nada é mais meu que se não esta dor que não deixo morrer, alimento-te sem estares comigo. Desconheces todo o contacto feito, nem desconfias que esta enferma criatura se está curar contigo.

Tento desfazer-me das horas, que se tornam em minutos. Desprendem-me das vontades e estranham-me em tão calma pose. Retraio-me, só mais uma vez antes de sair do ninho.
Hoje o dia acaba cedo, não quero ver mais dele.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mentes e tendes em me desmentir em reflexos que a lua renegou, falas-me como se fosses mais eu que eu e queres me roubar o que sou.. Sabes que em mim não tens meio de te impor mas sabes também que deixo que me corrompas e me deixes em baixo porque sabes que te dou razão.

Não tens mãos, mas nas mesmas tens o pouco que resta. Tens todo o calor e tudo o que te aquece e usas-te como razão para deixar que eu mesmo não a ter. Torturas-me e encharcas-me a vida para te dar a razão que por vezes não tens, sabes bem que não me dou bem com toda essa chantagem emocional que deténs em teu conhecimento não fosses tu um excerto de mim..

Sabes, falo-te as vezes para não te ouvir e ela sabe, muitas vezes estes monólogos mantêm-me aqui, longe da lua, agrafado ao chão. Algo que preciso, se não tu e ela deixam-me a bater mal, a deixar de fazer qualquer especie de nexo, sabes que a tua conversa roça no absurdo da esperança, como faca de serrilha em cordas finas, as mesmas que não são feitas para sustentar esperanças, essas mesmas que enterrei.

De passos a braçadas, faço-me longe de ti. Tento te congelar e permanecer sóbrio sem qualquer ligação.. Mergulho na noite, ensanguento de cinzento o ar que me rodeia e projecto-te neste meu mar de fumo.. o vento sopra-te e eu volto a encher o ar e tudo se segue num ciclo durante horas. Só quando o sol me vira as costas é que eu deixo que o coração me corrompa e te dá caminho para voltares ao meu pensamento..
Passo do gelo ao infernal e abrasador silêncio lacrimejante que por dentro causas.

Amordaço-me a cama e deixo as lagrimas correrem e hoje deixei-me tocar por ti.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Diz.. Estou a espera que interrompas o silêncio. Não mordo, nem te irei silenciar, não vês o meu curto sorriso? Estou em paz para comigo, não tenho ânsias nem esperanças de coisas que não me foram prometidas!

Falar-te-ia horas a fio, como de antes ou como num futuro que aparenta fugir do meu pensamento, tivemos e temos linguá e saliva para gastar, porque há tanta coisa que ficou por  falar porque as conversas nunca tinham um fim certo e regressavam nem que fossem horas ou dias, nunca caíram no esquecimento alheio e nunca desvaneceram perante futilidades. Palavras agora mudas.

Diz-me.. devo falar contigo? deixo-te passar na rua?
Fala-me.. corta o silencio com o punhal e faz a sua essência nos banhar como uma chuva torrencial.
Fala-me, com os olhos, desprende-te de qualquer tipo de problema e fala-me, de ti, de outros, de mim e do tempo..

Podia-te morder, gritar-te e mergulhar-te mas mesmo assim não largas as chaves. Trancaste-te dentro de ti e acusas os outros de terem mudado.. não te vês?

Quero que fales sem a espada em punho, quero que tenhas calma e que não procures ataques aonde eles não existem.. Nunca falei contigo de espada em punho, ou de arco na mão.. 
Quero falar não quero guerrear contigo.


Diz.. estarei eu a espera em vão? será que algum dia me vais olhar sem teres em tu um extra cuidado com as minhas palavras? Conheces-me?

Eu não mordo, nunca mordi, não te irei morder..
Mas o silêncio? esse sim morde.

domingo, 16 de setembro de 2012

Intransigente as matinais maleitas subsequentes da noite passada, o corpo reage em defesa. Como se de uma doença se trata-se. Já a minha inquieta mente aparentemente adormeceu as duas dores a começou a aceitar os seus quês, finalmente deita-se em mantos de razão, finalmente a dar-me paz nesta manhã tão azoada!
Costumo-me perguntar que mecanismos é preciso de accionar para me repor, mas de todos este é sem duvida o mais difícil de todos.. Rego-me em paciência e em inglórios rimos de acção. Deixo as horas passar sem me escapar um único detalhe dos dias passados.. Sorrio e agradeço pela saudade, valeu a pena toda a tortura mental e todo o contorcionismo irracional.
Valeu, como valeu a noite de ontem!

Tudo tem um preço de equilíbrio, aceito-o, barafusto-me, irrito-me, mas aceito-o..

E finalmente fecho mais uma pagina,
Estou preparado para falar!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Vai para lá do clarear e nem as incontáveis horas de imparcialidade parecem fazer jus ao que no passado faziam. As mesmas que me embebedavam são agora as mesmas que de nada servem, como se fosse impossível de me desligar desta ligação há muito cortada..
Não se foi a idade, nem os anos deste desligar consciente.
Sabia-me, bem, sabia-me até aos recantos mais obscuros só não sabia as minhas limitações, as mesmas que continuo sem saber, simplesmente junto o que resta de mim ao que não sei..
Sabia que fazia passar as dores com metade do tempo que já passou e fosse com esta farra era um terço do tempo. Não sei se me compliquei se me destruí..
Vejo-te a ti, Diogo, e sinto-te, não é só o espelho que me reflecte, sou também eu a sentir as mudanças!
O regelar do coração, a maturação do ser, a consciencialização da acção prodiga, o endurecer do escudo e do corpo..

Não compreendo que neste inverno glacial ainda resista esta dor, esta magoa, esta culpa este tormento.. é tão não de mim, como? eu pergunto, COMO?
Ninguem te disse que podias ficar, alojares-te em mim!
Revoltas-me, repugnas-me e entristesses-me.. repodias-me e mesmo assim não sais de dentro de mim.
Sentado em gélida noite de infernal insensibilidade recubro-me com os mantos de consciência.
Vejo-me em anos perdidos pela descernidade de seguir o caminho fácil que é o dos nectárs de baco, anestesiantes de uma tenra realidade.
Vejo-me com as horas que passam com o doçe da melodia da companhia que aos poucos se desvaneasse.
Desligo-me e sinto a bela desarmonia de um ambíguo passado..

"escrito numa porta qualquer em lisboa.."