segunda-feira, 27 de maio de 2013

Desfazem-se as certezas e encontro-me já na barca, navego para longe com a certeza de que não irei voltar. Enquanto as ondas embalam-me as lágrimas o tempo acaba por as secar, e como tudo tem um fim,  nada mais me enevoa os olhos. A lua finalmente cheia faz esta noite ébria desfalecer em caprichos que não meus.
Caminhos voltam a dar rasgos de claridade e sei que não posso ceder a esta dor..
Torno-a imparcial e degusto do seu veneno, aprendo as suas amargas essências e cuspo para o rio, esse mesmo que leva de mim toda esta dor.
Eu quero sofrer, sangrar de mim o veneno e aos poucos ganhar resistência, beber da luz que a madrugada de me trás e olhar para mim, renascido deste leito de amargura que não sou eu. E com o tempo te aperceberás que mais que tu, eu serei sempre diferente dos teus medos e abraço o masoquismo das dores, mártir por um eu melhor todas as vezes que me refaço, posso não me erguer nestes trapos que chamo recordações mas hei de voar livre de pesos.
Pedras ou memorias más, todas que que venham no caminho eu apanho, carrego e reciclo, porque tal como eu, não são menos que o resto.

O barco pode ir pesado e demorar a chegar à costa mas o peso vai se desfazendo e sem falsas esperanças vejo que o dia pode trazes mais do que o que esperavas.
Eu não vou sair da barca até atravessar este rio e desfazer-me de todos estes espinhos. O caminho é longo mas o medo ficou para trás.

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